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Relação familiar tóxica e os impactos na saúde mental

Saúde Mental e Bem-Estar, Por Andréa Ladislau, Psicanalista

Em 19/08/2023 às 14:50:25

A relação familiar, principalmente na atualidade, está cercada por desafios. Ser pai e mãe nem sempre é uma calmaria. Construir e gerar uma família saudável é o desejo de muitos, mas, infelizmente, uma conquista de poucos, devido às várias dificuldades enfrentadas dentro dessa relação. Quando as atitudes destes refletem prejuízo mental e emocional para os filhos, seja por uma superproteção ou até mesmo por extrapolar os limites do cuidado, podemos estar diante de familiares tóxicos. Mas afinal, como identificar essa toxicidade?

De forma instintiva, estamos sempre buscando dar aos nossos filhos o melhor, tudo o que não tivemos. Em muitos casos é assim que acontece. No entanto, alguns pais podem exagerar nessa oferta e deixam tudo à mão das crianças, que passam a não ter consciência deste sacrifício.

Desta forma, tentando ajudar, acabam prejudicando o desenvolvimento dos filhos. No entanto, eles pensam que estão ajudando e protegendo os filhos. Mas, apesar da boa intenção, o efeito é contrário e alguns chegam ao extremo entre o desleixo e a superproteção.

Os pequenos, incapazes de determinar contradições comportamentais, não sabem distinguir o certo do errado quanto aos pais. Acabam se tornando reféns de uma educação defasada e ardorosa. Dessa forma, esse descuido ou super cuidado acarreta danos ao lado mental e emocional dos filhos, podendo tornar-se adultos instáveis e limitados pelas dificuldades reais da vida.

Em primeiro lugar, vamos falar daqueles pais que se colocam no lugar de seus filhos e vivem por eles. Mesmo que de forma inconsciente, eles não permitem que os filhos tenham vida própria, vigiam, controlam seus problemas, seus passos e até os relacionamentos. Despreparam em vez de ajudar.

Outros, exageram no referencial de afeto. São excessivamente permissivos no sentido de fazer a criança feliz a todo custo e não entendem que liberdade demais pode criar adultos individualistas. Ainda existem os pais competitivos e os manipuladores que oscilam entre a chantagem emocional e a agressão.

A ação destes pais tóxicos acarreta uma consequência extremamente danosa para esses filhos que se tornam cegos pela sombra de seus progenitores e visualizam uma realidade distorcida de tudo o que se apresenta. Não conseguem resolver suas próprias questões, sofrem gerando angústias traumatizantes que marcam o comportamento e condenam seus pensamentos e sentimentos a estarem fixados na toxicidade que recebem ou receberam ao longo da vida.

Insegurança, frustração, individualismos, reações violentas e conflitos internos diversos marcam a construção da vida adulta desse ser humano.

Enfim, familiares ou pais tóxicos contribuem, seja de forma consciente ou não, negativamente no amadurecimento dos filhos, uma vez que podem promover o egoísmo, individualidade, insegurança e outras ações nocivas para a percepção adequada deste indivíduo em relação ao mundo, tornando-o imaturo e exigente com o universo a sua volta.

É muito importante entender que existe um limite dentro do processo maternal, paternal e educacional dos filhos, que precisam caminhar por suas próprias pernas e muitas vezes, o que se entende de benefício oferecido por esse pai e mãe, não passa de falha na tentativa de transparecer corretamente as prerrogativas que auxiliem a criança a tornar-se um adulto saudável e equilibrado emocionalmente.



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